Por
Solano Portela
Em 1 Reis 18.22-30 lemos o
conhecido incidente no qual Elias confronta os profetas de Baal. É correto
identificarmos Elias com o lado de Deus vivo e verdadeiro, enquanto que os
profetas de Baal representam as forças que agem contra o legítimo Povo de Deus.
Naquela ocasião o Povo de Deus se identificava com os israelitas e hoje com a
Igreja Cristã.
Uma análise deste registro bíblico nos revela detalhes
sobre a religião falsa praticada pelos profetas de Baal que são no mínimo
inquietantes, pois podemos identificar muita semelhança com a situação
contemporânea na qual se acha situada a igreja fiel.
1.
Similaridade – O primeiro dado que nos chama atenção é que a religião
falsa pode ser bastante similar à verdadeira. Com efeito, a prática religiosa
dos profetas de Baal pouco diferia da religião verdadeira de Israel. Eles não
estranharam quando foram convocados a erguer um altar. Semelhantemente, o povo
infiel, quando adorou um bezerro de ouro, em Êxodo 32.6, “madrugou e ofereceu
holocausto e trouxe ofertas pacíficas” ao altar que Arão, o líder, havia
erguido. Agiram da forma como os verdadeiros adoradores agiam e assim
confundiram a muitos. Isto é – a forma, as palavras de ordem, assemelhavam-se às
da religião verdadeira, concretizando o aviso que nos dá o próprio Cristo em
Mateus 24.24, quando nos fala sobre o surgimento dos “falsos profetas”.
2. Espetacularidade – Um segundo fato relevante é que a
religião falsa pode ser bastante espetacular. Pensem bem: eram 450 profetas! 450
líderes do povo, todo à frente daquela espetacular manifestação, contorcendo-se,
golpeando-se e recorrendo a toda sorte de artimanhas para arrebanhar os
incautos. Contrariavam assim determinações divinas de prática religiosa, como a
encontrada em Deuteronômio 14.1 e 2. Certamente toda aquela manifestação
espetacular contrastava com a simplicidade da religião verdadeira encontrada no
coração do remanescente fiel.
3. Popularidade – Em
terceiro lugar, notamos que a religião falsa é bastante popular. Aparentemente,
toda a nação a seguia, a ponto de Elias exclamar (1 Reis 18.22): “só eu fiquei
dos profetas do Senhor”. Mesmo que não houvesse o convencimento pleno de todos,
era sempre mais fácil seguir a multidão, procurar o conforto da maioria, em vez
de corajosamente identificar-se com os princípios e determinações de Deus.
4. Sinceridade – Um quarto aspecto, que não pode fugir
à nossa atenção, é que os praticantes da religião falsa são sinceros. Obviamente
existiam os charlatões, os aproveitadores e os que se envolviam sem sinceridade,
mas a impressão obtida do relato bíblico, é que a grande maioria sinceramente
acreditava no erro que pregava. O desafio colocado por Elias foi aceito
prontamente. Chegaram até a derramar o seu sangue por um deus que não existia,
por uma religião que os levaria à perdição (18.28).
5.
Enganosidade – Por último, verificamos que a religião falsa cega as
pessoas. Aqueles praticantes estavam cegos de tal maneira que, deixando-se levar
pela enganosidade supersticiosa, fecharam suas mentes e não enxergavam mais nada
à sua frente. Começaram de manhã até o meio dia e seguiram clamando até o final
do dia e nunca admitiram a derrota. Em toda história temos o registro daqueles
que, cegos por suas religiões, caminharam apressadamente para sua destruição.
Tristemente, temos também o registro daqueles que, em diversas ocasiões,
cegamente identificam o cristianismo com estranhas práticas religiosas e com
doutrinas estranhas à simplicidade da adoração “em espírito e em verdade”
preceituada na Palavra de Deus.
Sabemos da vitória final de Elias, pelo
poder de Deus. Ele zombou da religião falsa (18.27), tamanha era a arrogância e
ignorância deles perante o Deus soberano. Dessa maneira ele retratou a atitude
do próprio Senhor, conforme registro do Salmo2.4. Mas é importante, igualmente,
constatarmos que Elias dirige-se ao povo e os convoca de volta à verdadeira
religião dos seus pais (18.30-39). Ele não disse: “eu sei que vocês estão
enfadados das práticas antigas, vamos criar algo novo e mais interessante; vamos
inovar, afinal estamos em uma outra era e temos que melhorar a nossa
comunicação...”; ele ora a Deus para que ele fizesse o coração do povo
retroceder a ele (18.37).
Vamos estar alertas, então, para aqueles que,
mesmo com o linguajar bíblico, nada mais fazem do que demonstrar a tenacidade e
caráter espetacular da religião populista e falsa dos profetas de Baal.